De desastres naturais, viagens longas, criação de filhos, sono ou exercícios físicos insuficientes até chefes extremamente exigentes, nosso mundo está repleto de agentes estressores. Embora algumas pesquisas tenham revelado que curtas explosões de estresse podem ser boas para você, um estudo recente da Ohio State University, publicado na revista Proceedings da National Academy of Science, descobriu que lidar com o estresse persistente, de longo prazo, pode realmente mudar seus genes, o que prejudica sua saúde de maneira irreversível.
Ao longo dos séculos, a resposta ao estresse evoluiu para proteger você do perigo. Também conhecida como reação de “lutar ou fugir”, ela prepara seu corpo para a ação. Portanto, se você estiver em perigo, o hipotálamo do cérebro envia gatilhos (tanto químicos quanto ao longo dos nervos) para as suprarrenais, que são glândulas que ficam em cima de cada rim como uma espécie de “chapéu na cabeça”.
As suprarrenais produzem hormônios, como o cortisol, que aumentam a pressão sanguínea e o açúcar no sangue, entre outras coisas. Esse processo sinaliza para você se é preciso fugir de um leão faminto ou, até mesmo, se a ameaça percebida é uma demissão iminente. Porém, isso pode ser prejudicial para a saúde se mantido ao longo do tempo.
Confira abaixo alguns exemplos sobre como o estresse pode afetar o seu cotidiano:
GATILHO PARA A FOME | Estudos associam o cortisol liberado durante períodos de estresse ao desejo por açúcar e gordura, pois acreditam que o hormônio se liga aos receptores no cérebro que controlam a ingestão de alimentos. E se você já possui um alto índice de massa corporal, pode estar ainda mais suscetível.
A chave é conhecer seus gatilhos e estar pronto quanto o estresse se aproximar. Se tiver a tendência de correr comprar o fast food mais perto de você, estocar lanches saudáveis pode ser uma estratégia para reverter o quadro. Certifique-se de não fazer deleites insalubres em virtude de momentos em que é provável um ataque de fome emocional.
Inclusive, você pode correlacionar claramente o estresse com o ganho de peso. Mesmo sem se alimentar durante o estresse, o cortisol pode aumentar a quantidade de tecido adiposo no qual seu corpo se apega e crescer o tamanho das células adiposas. Níveis mais altos do hormônio têm sido associados a mais gordura abdominal profunda – sim, gordura da barriga. Uma rotina de exercícios pode contribuir no combate ao peso extra.
PROBLEMAS DE MEMÓRIA | Produzir muito cortisol pode interferir na capacidade do cérebro de formar novas memórias. Durante o estresse agudo, o hormônio também interfere nos neurotransmissores, os produtos químicos que as células cerebrais usam para se comunicar. Isso pode dificultar o pensamento correto ou a recuperação de memórias. Apesar de ser difícil limitar o estresse em nossas vidas agitadas, alguns especialistas recomendam tentar a meditação, entre outras soluções.
FALTA DE CONTROLE DAS EMOÇÕES | Não é segredo que pessoas estressadas podem perder o controle. Porém, pesquisas revelam o quão pouco estresse é realmente necessário para você perder a calma. Um estudo estadunidense de 2013, realizado por neurocientistas da The Rockefeller University, descobriu que mesmo níveis leves de estresse podem prejudicar nossa capacidade de controlar as emoções.
Na pesquisa, os participantes aprenderam técnicas de controle do estresse. Mas, depois que foram submetidos a um estresse leve (mãos mergulhadas em água gelada), eles não conseguiram se acalmar facilmente ao observar fotos de cobras ou aranhas. Ou seja, mesmo pequenos estresses cotidianos podem prejudicar a capacidade de usar técnicas cognitivas de controle do medo e da ansiedade. Investir no autoconhecimento e na inteligência emocional pode auxiliar a combater o processo.
QUEDA NO DESEMPENHO NO TRABALHO | Estudos envolvendo colaboradores (de militares a banqueiros) mostraram que o estresse reduz a produtividade e a satisfação no trabalho, além de estar relacionado à depressão e ao burnout. Se isso é algo que está prejudicando sua vida, um caminho é apostar em cursos ou programas sobre gerenciamento de estresse no ambiente de trabalho.
ESTRESSE PODE AFETAR SUA VIDA AMOROSA | O sexo até pode ser uma maneira agradável e eficaz de aliviar o estresse, mas o estresse também pode tirar o humor mais rapidamente do que você pensa e acabar com qualquer clima.
Um estudo publicado no Journal of Reproductive Systems revelou que o estresse pode afetar não só o peso corporal de um homem, mas os níveis de testosterona e o desejo sexual. Numerosos estudos mostram também que o estresse – especialmente a ansiedade no desempenho – pode levar à impotência.
SINAL VERDE PARA DOENÇAS | Algumas pessoas são mais propensas a certas doenças e o estresse crônico pode dar luz verde a essas condições. O estresse tem sido associado a doenças como câncer, distúrbios pulmonares, acidentes fatais, suicídio e cirrose hepática. Ele também serve como gatilho para desordens comportamentais como a tricotilomania, o impulso incontrolável de arrancar pelos, fios ou tufos de cabelo.
O estresse é responsável por aumentar o açúcar no sangue. Se você já tem diabetes tipo 2, pode descobrir que o açúcar no seu sangue é maior quando está estressado. Pesquisadores da Johns Hopkins University descobriram que crianças expostas ao estresse crônico têm maior probabilidade de desenvolver uma doença mental se forem geneticamente predispostas.
Entre os exemplos mais cotidianos constam a produção de adrenalina (epinefrina) e cortisol, que podem causar alterações vasculares que deixam você com dor de cabeça por tensão ou enxaqueca durante ou após o período de estresse. Também é responsável por tensionar os músculos, o que pode piorar a dor de uma enxaqueca. Azia, cólicas estomacais e diarreia podem ser causadas ou agravadas pelo estresse.
CUIDADO COM O CORAÇÃO | O estresse pode danificar fisicamente o músculo cardíaco. Isso ocorre porque os hormônios do estresse aumentam a frequência cardíaca e contraem os vasos sanguíneos, o que força seu coração a trabalhar mais e aumenta sua pressão arterial. A melhor coisa a fazer é levar um estilo de vida saudável para o coração e se concentrar na redução do estresse em seu cotidiano.
INSÔNIA | O estresse pode causar hiperexcitação, um estado biológico no qual as pessoas simplesmente não se sentem sonolentas. Embora eventos estressantes importantes possam causar insônia (que acaba assim que o estresse termina), a exposição prolongada ao estresse crônico pode atrapalhar o descanso e contribuir para os distúrbios do sono. Priorize uma boa higiene do sono (tornando o ambiente propício para uma noite pacífica) e tente praticar ioga ou outra atividade para aliviar o estresse durante o dia. Garanta, assim, uma boa noite no seu colchão favorito.