Você já ouviu falar sobre a antropometria? Se você já fez academia em algum momento da vida ou passou por um nutricionista, com certeza precisou “tirar” medidas, ou seja, fez um teste de antropometria.
Isso porque ela corresponde às dimensões corpóreas que são coletadas em uma avaliação nutricional, como peso, altura, circunferências (cintura e braço) e dobras cutâneas (tríceps, bíceps, etc).
Por meio dessas medidas é que estima-se a massa corporal total, a massa corporal gordurosa e a massa corporal proteica cujos níveis são capazes de indicar predisposição para alguns tipos de problemas de saúde.
Acontece que algumas pesquisas demonstram que esses números podem ter correlação com o sono, especialmente se houver algum distúrbio que interfira na qualidade de uma boa noite de descanso. Para saber mais sobre o assunto, continue a leitura!
A antropometria e o sono
Entre março de 2010 e junho de 2011, um estudo realizado com 702 universitários de uma faculdade pública do Ceará, maiores de 18 anos, matriculados na modalidade presencial, residentes da cidade de Fortaleza, analisou a qualidade de sono dos jovens a partir do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI).
De acordo com o estudo intitulado Correlação entre Indicadores Antropométricos e a Qualidade do Sono de Universitários Brasileiros, o PSQI apresenta dez questões que contemplam sete componentes: “a qualidade subjetiva do sono, a latência do sono, a duração do sono, a eficiência habitual do sono, os distúrbios do sono, o uso de medicação para dormir, a sonolência diurna e os distúrbios durante o dia”.
Com pontuação máxima de 21 pontos, sendo determinados pela soma dos sete componentes, sendo que cada um pode valer de zero a três pontos, quanto maior for o resultado, pior é a qualidade do sono.
Quem teve pontuação menor que 5 no PSQI foi classificado com bom dormidor, enquanto aqueles que alcançaram pontuação maior que 5 no PSQI, foram definidos como maus dormidores.
Em um segundo momento, os universitários tiveram suas medidas antropométricas coletadas: peso, altura, circunferência abdominal e cervical.
Resultados
Os resultados apresentaram que as mulheres possuíam maiores percentuais de baixo peso (6,2%) e eutrofia (74,7%), ao passo que os homens possuíam percentuais mais elevados de sobrepeso (32,4%) e até mesmo obesidade (7,6%).
Quanto aos componentes do PSQI, notou-se que 95,2% dos universitários investigados tinham uma má qualidade do sono, ou seja, PSQI maior que 5.
Então, foi realizada uma correlação entre o Índice de Massa Corporal (IMC), responsável por definir se a pessoa está com o peso adequado, abaixo ou acima do recomendado, e o indicador PSQI.
Considerando que os processos neurobiológicos que acontecem enquanto dormimos são fundamentais para a manutenção da atividade física e cognitiva de cada um de nós, uma noite mal dormida pode resultar em diversos prejuízos, além de estar associada ao risco de acidentes, inclusive no trânsito.
Conforme a investigação, “a relação entre o IMC e o indicador PSQI revelou que os sobrepesados foram mais frequentes entre os maus dormidores”.
Os pesquisadores ressaltaram ainda que “em revisão sistemática consultada é consenso que a duração e a qualidade do sono estão independentemente relacionadas com o risco cardiometabólico humano, mediante elevação de problemas como obesidade, diabetes mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão, dislipidemias, associados com a Síndrome Metabólica, e de marcadores de falência vascular”.
Outra pesquisa publicada na Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, a Associação da Qualidade do Sono com Antropometria e Parâmetros Cardíacos em Idosos também realizou um estudo a partir da avaliação antropométrica e do questionário de PSQI para entender a relação entre o sono e as medidas do corpo.
Feita no condomínio Cidade Madura, na cidade de Cajazeiras, na Paraíba, a coleta ocorreu em setembro de 2017 e os 27 participantes, tanto homens quanto mulheres, tinham mais de 60 anos.
Nela, foi possível observar que a maioria dos participantes apresentou risco moderado para o surgimento de doenças cardiovasculares. Já em relação à qualidade do sono, a maioria foi classificada com má qualidade do sono.
Relacionando os dois componentes, apenas para o sexo feminino a relação entre a medida da cintura/quadril diminui a qualidade do sono, enquanto o aumento do peso também tem relação direta com com os distúrbios do sono.
Já nos entrevistados do sexo masculino, observou-se que essa interferência no sono acaba por aumentar a frequência cardíaca durante o dia.
Nem mais, nem menos: durma o suficiente!
Ao avaliarmos os dois estudos, fica evidente que dormir faz bem e uma boa noite de sono pode, sim, interferir no que diz respeito aos dados utilizados nas avaliações antropométricas, interferindo nas nossas medidas, inclusive de forma negativa.
Isso porque, como já comentado, os números podem estar associados a complicações metabólicas e podem, consequentemente, aumentar o risco de problemas de saúde, entre eles obesidade e hipertensão.
Essencial no desenvolvimento e na manutenção da saúde, assim como a atividade física, o sono desempenha um papel relevante nas diferentes fases da vida. Portanto, manter um padrão desregulado de sono, seja dormindo pouco ou muito, não é recomendado.
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