Da infância à fase adulta, todo mundo já passou por pelo menos uma noite com pesadelos e despertou assustado pela narrativa que eles tomaram, certo? Assim como tudo o que acontece no nosso inconsciente, esses sonhos ruins são carregados de mistério e a ideia de que não os podemos controlar pode parecer um tanto intimidadora.
Mas o que realmente acontece na nossa mente quando passamos por esses episódios? Será que eles são normais, mesmo quando surgem de forma frequente? É justamente nessas questões que nós, do blog da Probel, nos inspiramos para criar este conteúdo. Hoje, vamos descobrir tudo sobre os pesadelos, desde suas possíveis causas até dicas de como evitá-los.
Acompanhe a leitura para ficar por dentro de tudo!
Afinal, o que são os pesadelos?
De forma simples, os pesadelos são sonhos ruins e muito vívidos, com conteúdos perturbadores, como ameaça à vida de quem está sonhando ou de pessoas próximas. Apesar de não serem reais, eles causam emoções negativas, como medo e ansiedade, que deixam o indivíduo um pouco perturbado, mesmo após despertar.
Segundo a própria medicina do sono, os pesadelos fazem parte das parassonias, ou seja, distúrbios que acontecem enquanto dormimos. Essa mesma categoria também abrange problemas como bruxismo, sonilóquio, paralisia do sono e sonambulismo, cada um com seus efeitos físicos e/ou mentais que podem atrapalhar a qualidade do descanso e da rotina.
E como acontecem os pesadelos?
Assim como os sonhos, os pesadelos acontecem no último estágio do sono (REM), onde o corpo não está de vigília, ou seja, não fica em alerta contra possíveis perigos. Nessa hora, a censura, que impede o cérebro de levar pensamentos pesados ou intrusivos para frente ao longo do dia, se reduz e permite o inconsciente de “realizar” nossas maiores preocupações e desejos.
Até mesmo psicanalistas, como Freud, Lacan e Ernest Jones [1], já abordaram o assunto e relacionaram o que acontece enquanto estamos dormindo com o que impedimos de acontecer enquanto estamos acordados. Mas, como os sistemas nervoso e motor ficam totalmente envolvidos, o corpo reage às ameaças inconscientes com respirações ofegantes e até mesmo vontade de chorar.
E tudo isso é completamente normal, viu? Assim como os sonhos bons, os ruins são eventos naturais do nosso cérebro. Mas é claro que devem ser investigados, caso comecem a atrapalhar a rotina ou o bem-estar no geral.
O que pode causar os pesadelos?
Não existe uma única causa para os pesadelos, mas, sim, gatilhos que podem surgir em qualquer fase da vida, como:
- Preocupações e pensamentos negativos e repetitivos ao longo do dia;
- Eventos estressantes, seja no trabalho, na escola, nos relacionamentos ou na família;
- Vivências em ambientes com pouco ou nenhum acolhimento, especialmente com crianças e adolescentes;
- Transtornos emocionais, como a depressão [2] e a ansiedade;
- Estresse pós-traumático;
- Psicose, onde a pessoa tem uma desconexão com a realidade, mesmo acordado.
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Pesadelo e terror noturno são o mesmo?
Muita gente confunde os dois problemas, já que ambos causam agitação e susto ao despertar. Mas as semelhanças param por aqui, viu? Enquanto o pesadelo acontece apenas no estágio REM e tem todo um enredo inconsciente, o terror noturno pode ocorrer até mesmo naquele breve sono pós-almoço e é marcado apenas por uma sensação ruim, sem narrativas envolvidas.
O que podem ser os pesadelos recorrentes?
Quando começam a acontecer com uma certa frequência e passam a interferir na qualidade de vida do paciente, os pesadelos podem ser caracterizados como um transtorno do pesadelo. Aqui, é muito importante o acompanhamento médico com tratamento, independentemente de qual das seguintes formas se apresenta:
- Leve: menos de uma vez por semana, sem prejudicar a qualidade de vida;
- Moderada: mais de uma vez por semana, prejudicando pouquíssimo a qualidade de vida;
- Severa: todas as noites, prejudicando severamente a qualidade de vida.
É possível evitar os pesadelos?
Enquanto não é possível evitar 100% os pesadelos, existem formas de reduzir a frequência com que eles aparecem e melhorar a qualidade do sono. A melhor medida é, sem dúvida, buscar ajuda profissional, com psicólogos e psiquiatras, que vão te ajudar a lidar com o estresse diário, não apenas para se livrar dos sonhos ruins, mas para ter uma rotina muito mais leve.
Além disso, existem alguns hábitos que você pode incluir no dia a dia para reduzir o esgotamento mental, como:
- Praticar exercícios físicos regularmente para liberar os hormônios do prazer e do bem-estar;
- Manter a agenda organizada, respeitando seus horários de descanso e ócio;
- Praticar a rotina do sono, que foca em se permitir relaxar por completo próximo da hora de dormir.
E aí, gostou de saber mais sobre os pesadelos? Lembre-se de que, apesar de assustadores, eles são completamente normais e que o segredo para reduzi-los é buscar mais leveza na vida. Ah, quer uma dica final? Então confira nosso conteúdo sobre a higiene do sono, que foca em uma rotina 100% dedicada ao descanso completo e reparador, livre dos sonhos ruins.
O blog da Probel volta em breve com mais informações sobre sono e bem-estar. Até lá!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] RUDGE, Ana Maria. Jones e Lacan: pesadelos, demônios e angústia. Pulsional Rev. Psicanál; 18(181): 80-87, mar. 2005. Disponível em: <https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-477064>. Acesso em: 7 abril 2024.
[2] CHELLAPPA, Sarah Laxhmi; ARAÚJO, John Fontenele. Relevância clínica de pesadelos em pacientes com transtorno depressivo. Arch. Clin. Psychiatry (São Paulo) 33(4); 2006. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rpc/a/J9HTgFFQgGdQvGVVdpWWzSB/?lang=pt#>. Acesso em: 7 abril 2024.